Edinázio Vieira Arte: Portal de Prefeitura
Com 100 bilhões de neurônios no cérebro, somos uma indústria produtiva. O nosso cérebro trabalha sem parar (diferente dos humanoides, esses precisam de energia).
O interessante é que fazemos quatrilhões de sinapses — isso é resultante dos nossos pensamentos. Nesse cenário, temos muitas ideias; contudo, nesse mundo produtivo, eliminamos muitos "produtos", ou seja, ideias.
Achamos, numa fração de milésimo de segundo, que esses pensamentos que brotam ou brotaram são inadequados, impróprios, malucos ou "muita areia para o nosso caminhão". Então, nesse momento, assassinamos nossos "filhos" — esses pensamentos são crias da nossa vida psíquica, que fomos incubando.
Todos os seres humanos — inteligentes ou imbecis — são máquinas de produção de ideias. Quando eu era criança, morava nas favelas do Recife, e presenciei mulheres pobres fazendo aborto.
Era comum naquela época. Vi muitos fatos de bebês, e é assim que hoje fazemos com os nossos pensamentos e ideias: abortamos.
Todos os humanos têm ideias importantes que morrem no nascedouro, pois o mundo crítico que foi imposto a esses contribui para que pensem que produziram fezes. Então, por que abortamos? A sociedade e o modelo civilizatório são excludentes, elitistas, misóginos e arianos.
O sistema impõe regras que são absorvidas pela população, atingindo especialmente os carentes, os pobres, que am a mentalizar e incubar o medo. Nasce, então, um modelo psíquico nos habitantes das comunidades pobres (injustiça, miséria, sistema de saúde, menos-valia etc.).
Por isso, as coisas se repetem — uma espécie de carta social — e esse humano "escravizado" não percebe as novidades que dançam diante dos seus olhos "cegos".
Mesmo assim, sua mente fantasia, não para de fabricar peças — talvez de menos qualidade. As ideias vão surgindo, mas esse humano faz desse palco fantástico que é o cérebro um cemitério, um lugar de lamentações.
A civilização criou regras sociais e religiosas que aniquilam, aprisionam e conduzem o humano para um gueto punitivo e coercitivo. Surge aí o medo fabricado. A nossa mente é criativa, narcisista e com tendência paranoica. Então, absorve essa ideia.
Freud, na sua obra O Mal-Estar na Civilização, escolheu alguns inimigos que podariam o humano. Entre esses, a religião.
Não defendo o anarquismo, mas a religião e o sistema de governo impõem limites e emparedam o humano, sentenciado à mediocridade.
Nesse mesmo viés, esse mesmo governo liberta a classe dominante, proporcionando-lhe medidas de coerção diferentes para que essa minoria possa se expressar e produzir.
Isso ocorre de diversas formas: tratamentos especiais, julgamentos diferenciados, melhores escolas e universidades, os privilegiados e menos censura.
Uma criança criada em comunidades, no início da vida cognitiva, acha que pode pouco em todos os sentidos — aquisitivos e de o — enquanto a classe dominante acha que pode tudo.
Como esses pensamentos e essas ideias serão cultivados? Uns seguem construindo seus próprios sonhos e seguem; outros constroem castelos de areia, e o medo é a sua rotina. Isso ocorre já na fase infantil.
O que resta à pobreza? As migalhas que caem da mesa do seu senhor, parafraseando o texto bíblico — ou aguardar a volta do Messias para morar no céu, onde as ruas são de ouro e os muros construídos de jaspe.
Então, esse pobre se vingará, pois os ricos salafrários e imorais irão para o inferno e sofrerão eternamente, e Satanás será o deus desses que serão atormentados por séculos dos séculos.
Não abortem as suas ideias, os seus pensamentos. Marombem as suas ideias ou a idiotia reinará.
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